5ª. Rodada do Aberto de xadrez de São Bernardo do Campo. La estava eu, invicto, vindo de 2 vitórias e 2 empates. O xadrez apresentado, longe de ser vistoso, era muito aguerrido, como de costume. O adversário agora seria um jogador chileno. O cordão de pendurar as chaves, com a bandeirinha chilena me fazia lembrar disso a cada lance. E, num desvio de pensamento, lembrei-me da ultima vez que o Chile se fez presente nos meus pensamentos. Lembrei-me de Valdívia em primeiro instante. Logo depois, me lembrei da simulação da copa de 2010 que fiz num dos famosos “janelões do ESC”, na qual, após inúmeros estudos, apontávamos o Chile como campeão da próxima copa, num jogo dramático contra a Espanha, vencendo de virada por 3-2, com gol dele, Valdívia, aos 39’ do segundo tempo.
Nesse meio tempo, eu ia empurrando as pecinhas com alguma qualidade. O jogo era bom, muito disputado. A essa altura estávamos entrando no meio jogo. E, certamente, meu ato filosófico de xadrez estava longe de terminar. As lembranças sobre o Chile, o janelão, o ESC (Eurovision Song Contest), me fizeram achar um ponto em comum. Certamente, teria que ser em espanhol, e porque não, algo musical? Pronto. La estava eu, pensando na música de Rodolfo Chikiliquatre, o Chiki Chiki. E quando o famigerado “¡perrea, perrea!” invadiu minha mente, senti que ali, além de travar uma batalha nos tabuleiros, teria que lutar para resgatar alguma coisa da minha dilacerada concentração. Foi uma luta inglória.
O jogo continuava equilibrado, mas era difícil esquecer os 4 passos da dança. E mais difícil ainda, era deixar de imaginar aquele simpático senhor executando os 4 passos. El breikidance, el crusaito, el maikalyacson e el robocop eram coreografados em minha mente pelo meu adversário. E o jogo ia caminhando para um final de torres. Ali, já não havia mais o que fazer pra esquecer a musica. Eu já me via cantando internamente, pela quarta ou quinta vez toda a letra. Mas inexplicavelmente, foi uma das minhas melhores partidas no ano. O final, jogado com muita propriedade, logo me fez ter alguma vantagem posicional, antes de ganhar o 1º. peão de vantagem. Depois, com muita consistência, além do peão, a vantagem posicional foi conquistada. E não demoraria muito para que meu adversário dançante entrasse em colapso. Mais um peãozinho cairia fatalmente. Se fosse uma partida de futebol, eu diria que ali já estava 1-0 com uma atuação incontestável do selecionado grego, que pressionava pra definir o jogo, já aos 75’. E assim foi, até o fim do jogo, quando meu peão de vantagem, dizendo “Porque no te callas?” ia monarquicamente sendo coroado. Uma exibição muito segura, até o momento onde ele abandonaria a partida. E foi assim, perreando, que cheguei aos 4 pontos em 5 partidas, me mantendo invicto, algo que jamais acontecera antes em algum torneio de expressividade.
No dia seguinte, de Espanha, fui pro México. E, ao ver meu adversário me espremendo, mesmo com 2 peões de desvantagem, não podia deixar de lembrar daquela máxima mexicana que tanto aprecio. “Joguei como nunca, perdi como sempre”. E o pressentimento triste parecia se consumar. E assim foi. Minha 1ª. derrota no torneio. Na ultima rodada, um vitória furiosa, para deixar registrada ali minha performance, que foi digna de menção. O 5º. Lugar na classificação final, dentre 46 participantes foi justo. A classificação para o Municipal de São Bernardo do Campo também foi assegurada. Enfim, foi um grande fim de semana, um grande torneio e um bom resultado.
Para os que não conhecem, link do youtube com o chiki chiki.
http://br.youtube.com/watch?v=74mBEXL9UgM&feature=related