Amor Percorrido
Dias e quilômetros se
passam,
Tal qual mudam as estaçõesDa lua e do ano
Em um ciclo intermitente
Giram os meses, brilha o sol,
Idas e vindas constantes.
Em busca de uma felicidade
Que migra em sentido oposto às minhas rotas.
Sua voz doce, já não é
mais tão doce assim.
O abraço frouxo e formal,
já foi mais carinhoso.E o enorme sorriso de outrora
Confunde-se com a timidez de Monalisa.
Perto de seu corpo,
centímetros.
Mas a milhas do coraçãoQue em outros tempos, teve até convite
para minha ansiada presença.
Novas histórias são
escritas
Novos protagonistas lutam
e me levam de assaltoAh...novos protagonistas desabam
Ante vossa inaptidão e inconformação.
E, um pedacinho menor, ligeiramente corroído,
Volta o interino eu!
Ocupando um lugar sombrio e triste
Nessa hierarquia de sentimentos
Não sou soldado, nem major,
nem anjo, nem estrela,nem brisa ou trovão.
Afinal, meu Deus, o que sou?
As páginas se viram,
trocam-se as canetas,
Muda o vento, muda o
destino,A esperança, morta e renata,
Manifesta suas idas e
vindas.
O monoposto segue, a
rodovia é desbravada
O sonho dá lugar às
idéias.Tudo gira, tudo muda, tudo vem e vai
Exceto meu amor, meu desatino.
Imóvel, intacto,
imponente,
Inalcançável... distante.Não voa com o vento, não dissolve.
Nem mesmo com as mais longas chuvas.
Nem com as inúmeras
lágrimas
Não decompõe em solo, não
naufraga,Não vinga, não vence, não morre.
Não vira petróleo, não desintegra.
De Ankara, de Roterdã, de dentro da terra e do inferno.
Novas idas e vindas, novas quedas.
Passam-se anos, percorrem-se milhas e milhas!
Os trilhos do trem são
remanejados
A borracha dos pneus se
funde ao soloO combustível queima, a lua muda.
Inverno, verão, outono e primavera.
E novamente tudo se renova, tudo se repete.
Porém, há ainda o que nunca muda.
O que permanece inexpugnável.
Ah, meu amor. Inexplicável amor.
Christian Georges Avgoustopoulos
02-04-2012