sexta-feira, 29 de junho de 2012

Amor Percorrido

Escrevi esses versos no meio de uma viagem, em uma madrugada de abril. Acordei no ônibus, peguei um bloco de papel e uma caneta. Desferi a tinta nas folhas completamente inquieto e alucinado, como se aquilo tudo ja estivesse composto e criado. Levei cerca de 30 min para escrever tudo isso. Dia seguinte, não me recordava do que havia escrito, apenas seu teor. Reli, adaptei o que não gostei, e hoje decidi compartilhar, apenas para que eu mesmo não me esqueça...

Amor Percorrido

Dias e quilômetros se passam,
Tal qual mudam as estações
Da lua e do ano
Em um ciclo intermitente

Giram os meses, brilha o sol,

Idas e vindas constantes.
Em busca de uma felicidade
Que migra em sentido oposto às minhas rotas.

Sua voz doce, já não é mais tão doce assim.
O abraço frouxo e formal, já foi mais carinhoso.
E o enorme sorriso de outrora
Confunde-se com a timidez de Monalisa.

Perto de seu corpo, centímetros.
Mas a milhas do coração
Que em outros tempos, teve até convite
para minha ansiada presença.

Novas histórias são escritas
Novos protagonistas lutam e me levam de assalto
Ah...novos protagonistas desabam
Ante vossa inaptidão e inconformação.

E, um pedacinho menor, ligeiramente corroído,
Volta o interino eu!
Ocupando um lugar sombrio e triste
Nessa hierarquia de sentimentos

Não sou soldado, nem major,
nem anjo, nem estrela,
nem brisa ou trovão.

Afinal, meu Deus, o que sou?

As páginas se viram, trocam-se as canetas,
Muda o vento, muda o destino,
A esperança, morta e renata,
Manifesta suas idas e vindas.

O monoposto segue, a rodovia é desbravada
O sonho dá lugar às idéias.
Tudo gira, tudo muda, tudo vem e vai
Exceto meu amor, meu desatino.

Imóvel, intacto, imponente,
Inalcançável... distante.
Não voa com o vento, não dissolve.
Nem mesmo com as mais longas chuvas.

Nem com as inúmeras lágrimas
Não decompõe em solo, não naufraga,
Não vinga, não vence, não morre.
Não vira petróleo, não desintegra.


E novos postulantes chegam de prontidão.
De Ankara, de Roterdã, de dentro da terra e do inferno.
Novas idas e vindas, novas quedas.
Passam-se anos, percorrem-se milhas e milhas!

Os trilhos do trem são remanejados
A borracha dos pneus se funde ao solo
O combustível queima, a lua muda.
Inverno, verão, outono e primavera.

E novamente tudo se renova, tudo se repete.
Porém, há ainda o que nunca muda.
O que permanece inexpugnável.
Ah, meu amor. Inexplicável amor.

Christian Georges Avgoustopoulos
02-04-2012