domingo, 8 de janeiro de 2012

Farol

Caros leitores,

Essa é minha primeira postagem no blog desde 2009. Talvez eu ja tenha escrito melhor em outros tempos, ou no mínimo, tive mais entusiasmo em faze-lo. Na verdade, tenho mais textos salvos como rascunho, do que publicados. Mas esse, sinto que deve ser compartilhado. Felicidades a todos, e que 2012 seja mágico para aqueles que caminham sob a tutela do bem.

A noite avançava serena e pacata, na ilha de Paquetá. Eu, ao som do mar e das cigarras, percorria a orla com uma bicicleta, de forma tranquila e ponderada, interagindo em perfeita sincronia com a atmosfera. Não haviam ondas, não haviam pessoas, não chovia e nem ventava. A cada pedalada dada, sem pressa e intermitente, aquele território era desbravado. A única certeza que eu tinha, é que naquele momento, eu era o dono da ilha. A ilha de Carolina, "a moreninha", agora era minha. A ilha do Christian, “o grego”, que deixou a pedra de lado e se pôs em movimento, a procura de algo em sua nova “propriedade”.

Fui além. Em meus devaneios, me auto intitulei rei daquele lugar. Me sentia coroado por Deus, como num ritual medieval bretão, sob o brilho do luar e das estrelas, que se refletiam de forma sublime, tanto no mar, como em meus olhos. Logo a frente, eis então, minha primeira descoberta nessa empreitada de exploração territorial. Um pequeno farol, todo pintado de branco, sob uma extensão de pedras, que eram dispostas em uma pista estreita, de forma retangular. O farol tinha uma tímida luz verde, que acendia em ¼ do tempo e repousava nos ¾ remanescentes. Luz verde, que naquele momento, não orientava embarcações, apenas porque não havia nada em movimento sobre o mar. Parei a bicicleta, de forma a evitar que caísse no chão, e segui em frente, a me aproximar do farol. Avancei, mesmo ao perceber que minha tentativa havia se frustrado, no instante em que a bicicleta despencava ao solo.

"Bah, o que isso importa agora?" Guiado por aquela luzinha mágica, lembrando um vagalume em seu suave iluminar, pensei, admirado com o cenário: "O verde da esperança, sob a plataforma branca da paz." Me ponho a pensar agora, sobre as ideias que me vinham em mente naquele momento que eu tanto admirava a beleza do farol. Não tenho certeza, mas a sensação é de que eu não pensava em nada. A ideia de paz e esperança eram tão fantásticas, que sequer me dei ao trabalho de associar isso a fatores específicos de minha vida. Como seria fantástico ter a paz como uma de minhas melhores amigas, e a esperança como uma espécie de fiel escudeira, que jamais me abandonaria nos momentos de desalento e pouca fé.

Naquele instante, lembrei-me então, de todos os desafios recentes (ou nem tão recentes assim) que aceitei encarar, das polêmicas e transtornos que vieram com eles, em tudo que me dediquei e apliquei incessantes esforços. Em muitas coisas, a doce sensação do dever cumprido. Como é bom superar as expectativas, bater recordes, contrariar a lógica dos "críticos" e ter a certeza de que, sim, aquele era o caminho certo e que eu havia acertado a mão, com propriedade. Porém, certamente, nem tudo são flores, e é inevitável também relembrar que, em outras situações de grande importância, não tive êxito, por ter avaliado mal o contexto de tudo, não ter sido bom o suficiente ou, simplesmente, ter me equivocado totalmente. E, partindo deste princípio, cabe a mim fazer os ajustes necessários, buscando melhorar pra tentar outra vez, de forma diferente, ou apenas em condições mais favoráveis.

Enfim, levantei a bicicleta do chão e tornei a pedalar, deixando que o Farol proseguisse com seu importantíssimo trabalho de iluminar, e me alertando de que eu também deveria seguir a minha empreitada. Nesse instante, devolvi o trono a Carolina, rainha de fato e direito deste lugar. Voltei no tempo e mudei de dimensão, apenas para desejar-lhe a paz e esperança, que sua ilha havia realçado em mim, e me despedi, afinal, tenho uma longa jornada pela frente.

E sob a guarda da realeza, da proteção de Santo André e com o aval dos Deuses, continuo a me preparar. Tudo fica mais fácil quando podemos contar com nosso melhor, e coisas grandes deixam de acontecer se não estamos prontos para recebe-las.

“A vontade de vencer é importante, mas a vontade de se preparar é vital. ” Joe Paterno

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